Elisabete Gonçalves
Amiga e testemunha da
38ª Companhia de Comandos
TEXTOS DA
ELISABETE PARA A 38ª COMPANHIA DE COMANDOS
Caros leitores da página:
Sei que parecerá estranho uma mulher que não é militar fazer publicações numa página que, supostamente, apenas reconhece legitimidade a quem o é . E com razão! De alguns membros tenho a honra de ser amiga e já me conhecem de sobeja e também o que me "move".
Sou, orgulhosamente, filha de um militar. Tenho 49 anos e sou
professora. Mãe de um jovem de 26 anos, militar. O meu único
irmão foi militar também.O meu pai ,Victor Gonçalves, foi
Sargento Chefe de Infantaria e fez três comissões no Ultramar:
61/63 Angola, 67/69 Moçambique e 72/74 Guiné (onde com a sua
Companhia de caçadores 4142 foi render a 38ªCCMDS, em Gampará de
“má memória”, estabelecendo este fio com 43 anos que me une a
esta CCMDS). A família sempre o acompanhou nas suas “rodagens”,
facto que me faz viver sempre em ambiente militar (5 anos no
Forte/ Destcamento do DGMG em Sacavém) e ter feito também uma “comissão”
em Moçambique. Costumo dizer, à laia de brincadeira, que tenho
21 anos de tropa, idade com que saí de casa do meu pai.
O meu pai padeceu (e faleceu em Novembro último) de fatal doença
prolongada, e eu tomei a cargo o ser a sua “voz” e a dos “seus
rapazes”, como ele gostava de lhes chamar, nas memórias da sua
vida e principalmente, nos “teatros” de guerra por onde passou (prometi-lho...cumprirei,
custe o que custar!).
Não me quero arvorar em especialista do assunto nem retirar o
valor a quem mais dele percebe do que eu. Apenas mostrar a visão
de um civil com algum conhecimento do assunto, porque também o
viveu e, de algum modo, com a minha escrita, fazer a ponte entre
aquela que é uma linguagem/vivência marcadamente castrense e a “ignorância
civil” sobre o assunto. Apenas.
E depois...bem, depois, escrever sobre aquilo que não vem nas
institucionais histórias das Companhias, ou seja, o que sentiu
quem o viveu, relatar a história pela visão de quem a viu e
sentiu, porque para mim...essa, a verdadeira, é a que deve
permanecer para “memória futura”.
Nos meus textos não só encontrarão “histórias” da 38ªCCMDS, mas
de muitas outras Companhias e protagonistas que, de algum modo,
me tocaram e senti que deveriam ser partilhadas e contadas.
Outras apenas têm a ver comigo, com o modo como integro em mim a
vida militar do meu pai, de tantos outros , que tiveram “toque
de Midas” na formação da minha personalidade e me tornaram (nem
boa, nem má....apenas diferente) naquilo que sou hoje.
Aos “meus rapazes”, os Leopardos da 38ª, deixo o meu
agradecimento pela sua excepcional amizade e admiração pela “Tremenda”
Companhia e massa humana de que são feitos e por partilharem
comigo o seu legado, fazendo-me de alguma forma, fiel
depositária das suas extraordinárias memórias.
O “13”....ah o R.I.13!. O "13" mais do que a marca do dia em que
nasci, será sempre a “minha Unidade do coração”.
“Palpita um peito d’aço em cada farda. Do treze...nem um passo
p’ra retaguarda!”
Bem vindos a este espaço....e espero que apreciem a leitura.
Um forte abraço.