38ª Companhia de Comandos

TEIXEIRA PINTO ENTREGA DE ARMA À BANDEIRA NACIONAL APREENDIDA NA OPERAÇÃO JOVENCA EM 31DEZ72 MATA DE CABOIANA


OPERAÇÕES DA 38ª COMPANHIA DE COMANDOS


OPERAÇÃO JOGADA XIII

38ª COMPANHIA DE COMANDOS

 

28 de Março de  1973 - Operação Jogada XIII

Relato feito a partir das memórias do Capitão Comando Pinto Ferreira

Depois temos a acção “Jogada XIII” que eu sempre tive na memória como Joeirada mas que na folha oficial vem com esta designação e esta tinha que ter história.

Primeiro pelo XIII.

Na altura estávamos a conduzir uma série de acções com aquele nome e por norma com um número em sequência.

Com o aproximar do número 13 alertamos a secção de operações do CAOP para saltarem o nº 13 pois nos Comandos tal número era sinónimo de má sorte.

Quem nos atendeu compreendeu a nossa posição e acordou no sugerido.

Como imaginam o nosso espanto e indignação quando recebemos a ordem de operações com o nome “Joeirada XIII”.

Mas já não havia volta a dar.

Na altura a situação da 38CC em termos operacionais era de estar articulada em 2 bi grupos.

Neste tipo de acções e porque a sua duração era de 24 horas num dia saía eu com um bi grupo e no dia seguinte saía o meu adjunto com o outro.

A zona era já minha conhecida pois por diversas vezes já tinha palmilhado o seu chão.

Já conhecia os pontos sensíveis e a minha actuação tinha sempre em atenção esse pormenor, o principal neste local era nunca utilizar o itinerário de ida para efectuar o regresso.

Por questões de aproximação e já que havia que cambar uma bolanha escolhíamos o sitio onde as suas margens eram mais próximas de maneira a evitar estar numa situação de fraqueza face ao inimigo.

No dia 28 Março 73, o bigrupo assim efectuou, cruzando a bolanha no sítio onde era mais estreita algo que eu próprio já tinha efectuado várias vezes.

No regresso dava uma grande volta para não ter de utilizar novamente o mesmo terreno.

Aplicava aqui aquele princípio: “o suor produzido era sangue que se evitava derramar “.

Não quis quem conduzia a acção seguir tal principio e por algum motivo resolveu regressar à estrada onde ia ser recolhido utilizando o mesmo itinerário.

Às vezes somos nós que procuramos o azar.

E ele aconteceu.

O sítio onde cruzávamos a bolanha tinha um trilho mal batido e no meio do trilho um velho tronco deitado obrigava-nos a passar por cima para seguirmos a nossa direcção.

O inimigo devia ter reparado nestas nossas movimentações e esperava que cometêssemos o erro que agora íamos cometer.

Depois do patrulhamento feito e já no regresso aí vem o nosso bigrupo exactamente pelo mesmo caminho metendo-se a passar o trilho no local do costume.

À frente o guia o Chefe das Milícias do “Cussaná” o tal que meses antes me tinha conduzido de noite ao longo de uma bolanha paralela a estrada Mansoa Cutia e que nos levou à captura de duas armas numa operação resposta a uma anterior.

O infeliz ia à frente, passou o tronco e ao poisar o pé no chão accionou uma mina anti pessoal que lhe amputou um pé e parte da perna.


"... Quando se iniciavam os primeiros socorros e os preparativos para a evacuação, o inimigo fez fogo de morteiro para a zona obrigando a uma saída rápida do local. ..."


Quando se iniciavam os primeiros socorros e os preparativos para a evacuação, o inimigo fez fogo de morteiro para a zona obrigando a uma saída rápida do local.

Debaixo destas condições foi possível fazer a evacuação aérea e continuar a progressão para o local previsto.

Só que precisamente no local de recolha o inimigo esperava e efectuou uma flagelação que nos custou mais dois feridos ligeiros.

No final a nossa contabilidade assinalou a morte de um guerrilheiro e de vários feridos e a captura de uma granada de mão tipo espanhol.

Como sempre digo neste tipo de guerra os erros pagam-se caro e é sempre de evitar as soluções que nos parecem mais fáceis por exigirem menos esforço (menos suor) pois no final os custos são incomparavelmente maiores.

O mês de Abril vai passar-se sem acontecimentos dignos de registo em termos operacionais apenas contactos com elementos da população que se encontravam debaixo de controlo inimigo.

E vamos chegar ao mês de Maio de 73 último mês em que tomei parte activa em operações com a 38CC.

 

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