Elisabete Gonçalves
Amiga e testemunha da
38ª Companhia de Comandos
TEXTOS DA
ELISABETE PARA A 38ª COMPANHIA DE COMANDOS
As mães dos soldados... também cumprem o SM!
São “voluntárias à força”, estas mães que esfregam fardas
enlameadas da instrução nocturna.
Ficam a conhecer divisas e patentes e que a marcha se marca,
cadenciada, na meia rota do pé direito.
Que o toque de uma corneta em silêncios de alvoradas é muito
mais eficaz do que os seus ralhos e chamamentos e nunca mais
será necessário mandar arrumar o "acampamento de Verão" que era
o quarto do seu filho em longínquos "idos de Março". Uma “cama
branca” é mais do que lençóis lavados e amaciados a lavanda e,
espante-se, os colarinhos dobram-se no limite do primeiro botão!
Fardamento de Verão?
Mangas dobradas à altura dos cotovelos. Mi-li-me-tri-ca-men-te!
Sofrem quando não sopram os joelhos esmurrados do rastejar, ou
quando não puderam estrelar um ovo para substituir as tão
odiadas lulas que foram o "rancho" do jantar.
Sorriem de satisfação, enquanto pregam botões em fardas
esfarrapadas e coçadas por exercícios que lhes testam o carácter
e troçam da inépcia de pontos dados à pressa, no brio de que se
não note a sua falta ou do receio de "encher" mais 10.
Quando olham para aquele belo mancebo que deixou de ser “ o
menino de sua mãe” e que traz a cara áspera da barba que passou
a fazer todos os dias, encolhem saudades em soluços, trocados
por sorrisos escondidos no orgulho naquele Homem, que lhes entra
pela casa dentro de saco às costas... e que troca o "seu reino e
progenitura" por uma lata de graxa preta e polimento.
Depois ficam sem palavras, quando apesar de todas as mudanças,
se reconhecem na sensibilidade das lágrimas que eles choram e
lhes molham o rosto endurecido, quando vencem o desafio da
conquista. Estão vigilantes e de pé, invisíveis e subtis como só
elas sabem ser, abraçadas a eles e também firmes na parada.
Todas elas, sem excepção, são também... a força que sustenta os
heróis anónimos dos nossos dias.
Elisabete Gonçalves"