CONVÍVIOS
38ª Companhia de Comandos — "Os
Leopardos"
XXIII ENCONTRO 38ª COMPANHIA DE
COMANDOS
25 de maio 2024 Lamego
Discurso do Comandante
Lamego, Quartel da Cruz Alta 25 Maio2024
Leopardos,
tenho a honra e o privilégio de vos dirigir a palavra, nesta
data memorável em que celebramos cinquenta anos do regresso da
Guiné.
Quero começar as minhas palavras por saudar o nosso
Comandante de Batalhão Coronel Tirocinado Comando Raul Socorro
Folques gritando MAMASUMAE, estamos prontos, como aconteceu
durante cerca de 2 anos em todas as operações que nos foram
determinadas. Mamasumae.
Meu Comandante tivemos o
privilegio de assistir em Angola ao triunfo da vontade do nosso
grande Comandante Gilberto Santos e Castro pela autorização que
lhe foi concedida para executar operações de nível Agrupamento
em que todas as peças de manobra fossem unidades Comando.
Uma delas foi a 19ªCompanhia de Comandos que o meu cmdt conduziu
de forma brilhante contribuindo dessa forma para a derrota do
Inimigo, no Leste de Angola. Tal levou a que julgássemos a
guerra ganha e a voluntariar-mos para aceitar o desafio de
combater na Guiné. O Comando não foge ao perigo e só se
justifica em combate. Obrigado meu
comandante.
Continuo cumprimentando o Exmo Cmdt do CTOE Coronel Paulo Roxo
pondo em relevo todo o apoio recebido para que esta celebração
fosse possível. *Aproveito para lhe desejar votos de feliz
Comando em tudo alinhado com o futuro que deseja. Neste
cumprimento incluo o Exmo 2ºcmdt TCor Pedro Costa. Até à pouco
Comandante em … Exmo Cor Comando Alexandre Varino, ilustre Cmdt
do Regimento de Comandos agradeço a presença, ela dá-nos conta
da relação que existe
entre as sucessivas gerações de
Comandos que comungam os seus procedimentos no respeito pelos
ditames do Código Comando.
Connosco o Comando Garcêz a
quem tenho a honra de cumprimentar lembrando o espirito pioneiro
dos primeiros comandos que iniciaram um caminho que se
mantem até hoje e que devemos preservar.
Cumprimento
também o soldado Cmd Mourão gravemente ferido no Afeganistão,
vejo-o como representante da valia das atuais gerações.
Exmo
Coronel Cmd Pipa Amorim e esposa, o meu respeito e consideração
pelo espirito de missão, lealdade e camaradagem cimentados com
amizade em tempos difíceis e que eu muito prezo.
Exmo
senhor Coronel Valdemar Lima ilustre presidente do núcleo de
Lamego da liga dos combatentes a quem saúdo de forma singular
pois sou socio deste núcleo onde reconheço e divulgo toda a
atividade que vem sendo desenvolvida e mais agora todo o apoio
que nos tem sido prestado em conjunto com o CTOE para
realizarmos este encontro anual.
Saúdo o dirigente da
associação nacional de Comandos em representação senhor Rui Maia
agradecendo todo o apoio que nos é prestado nomeando de modo
particular a divulgação deste evento.
Exmo Cor Pedro
Esgalhado gratos pela sua presença que consideramos importante
para passar a msg dos valores que comungamos.
Exmo
Capitão Domingos meu ilustre sucessor. Como Alferes mais antigo
da 38ªCC coube-lhe a difícil tarefa de comandante numa altura em
que a luta se tornava cada vez mais difícil. Com muita honra o
felicito pela forma como conduziu a nossa companhia em tão
delicados tempos.
Saúdo os Alferes Comando Lopes, o
Alferes Comando Almeida e o Alferes Comando Amaral que não está
presente por motivos de saúde e também o 6 grupos de combate que
iniciaram a fase Operacional em Mansoa, recordando as difíceis
condições em que vos tornaste membros desta verdadeira Ordem de
Guerreiros que são os Comandos e cujo exame se estendeu por mais
de um mês em Julho/Agosto de 72.
Saudo também a formação
que entre as diversas especialidades elevaram o total de membros
da companhia para perto dos 240, muitos dos quais por motivo da
sua especialidade tomaram parte tambem na atividade operacional.
Exma Senhora D Delfina Coré Neves esposa do nosso Comandante
MGen Jaime Gonçalves das Neves a sua presença nesta celebração
juntamente com a perola que é a netinha é a confirmação da
amizade que nos dedica e que retribuímos com felicidade. Em 1968
depois de uma comissão em Angola como alferes eu procurava o meu
caminho para responder á necessidade de fazer uma escolha quando
conheci o nosso comandante. Com ele dei um passo em frente que
me trouxe até aqui.
Hoje aos 77anos não me arrependi do
caminho percorrido e é com orgulho que vos transmito este
sentir.
Exmo Alferes Comando Emilio Gomes e Dr Vaz foram
meus subalternos como instruendos da 24ªCC do Amigo Cap Ovidio
Rodrigues. É uma
honra poder saudá-los, recordando a gesta
heroica que as tropas Comando viveram em Angola nos primeiros
anos da década de 70.
Cumprimento agora os elementos do meu
curso de Comandos o XV como para toda a gente o nosso foi sempre
aquele curso especial em que não esquecemos o Capitão Borralho,
o Joaquim Mendes da Silva, lembrando o irmão Alferes Comando
António Mendes da Silva que há pouco partiu para a eternidade. À
família enlutada aqui presente transmito um abraço apertado com
a recordação de alguém que esteve sempre pronto para colaborar
nas tarefas e nas ocasiões necessárias à concretização destes
laços que nos unem cada vez mais.
Também do nosso curso
o Jorge Magno aqui representado pela exma Viuva Dra Manuela
Magno a quem apresentamos os nossos cumprimentos recordando
alguém com um caracter jovial, sempre bem disposto e que muitas
vezes nos fez afastar o desanimo de situações mais duras que
vivemos. E neste grupo tambem presente o Comando Jaime Rebelo da
20ªCC a quem agradeço ter partilhado comigo trechos das memórias
que viveu em Angola nos tempos
delicados da descolonização e
alem. Ainda do nosso Curso o Sargento Comando Valdemar Baptista
da 21ªCC, atual vice presidente da ADFA
do Porto. Peço que
transmita ao presidente do núcleo, alferes Fortuna os meus
agradecimentos pela cuidadosa colaboração com que são recebidos
os nossos pedidos
As minhas palavras são sempre ditas tendo no
fundo dois pensamentos, num aqueles que deram a vida para que a
nossa missão fosse cumprida
e no outro que as nossas
memórias sejam testemunho perene de tudo aquilo que vivemos e
calem aqueles que sem elevação se tentam aproveitar os nossos
feitos omitindo-os ou referindo-os como se lhes pertencessem.
Neste sentir aqui um agradecimento a João Paulo Lucas
coordenador da História da 38ªCC e também ao Dr. Victor Raquel
da editora Fronteira do Caos que materializaram o livro que
contem as nossas memórias e de que agora é feita uma nova
edição. Obrigado Com mais de 24 meses de luta, carregados com o
sangue, suor e lagrimas vertidos nos difíceis trabalhos que nos
foram destinados e que honradamente cumprimos, esperávamos que
há chegada de tão
longa provação tivéssemos preparada uma
simples, mas significativa cerimónia que nos fizesse calar o
coração e traduzisse o respeito e consideração que mais de duas
centenas de “Leopardos” deveriam merecer por parte da nossa
Gloriosa Pátria, Portugal.
Porem tal não aconteceu. A
vaga de desvario que envolveu a sociedade portuguesa naqueles
conturbados tempos impediu que valentes cidadãos amantes e
orgulhosos das suas raízes ouvissem uma palavra, ou sentissem um
gesto que fizesse atenuar a maneira como foram recebidos no
regresso ao seu torrão natal.
Certo é que não estávamos à
espera da “Cerimónia de Triunfo” que era comum realizar-se para
homenagear as vitoriosas Legiões Romanas quando regressavam a
Roma felizes com os sucessos obtidos nos Campos de Marte ou que
os nossos nomes estivessem gravados nas pedras frias dos
austeros quarteis onde decorrera a nossa preparação como
combatentes.
Fomos educados e treinados para a Guerra.
Muito do que aprendemos teve raízes no passado. Dele recordo a
História
Universal que ao longo de três anos do 2º ciclo
liceal fizeram as minhas delícias de aluno. Aí a civilização
Romana dominou o meu interesse
certamente influenciado por
mais de V seculos de domínio romano que rodearam a minha
formação cultural.
Os últimos 50 anos foram vividos
seguindo um caminho marcado pelas recordações que a todos nos
invadiam diariamente. Por iniciativa
expressa de um grupo
heterogéneo de membros da Companhia acertamos que deveríamos
recrear uma cerimónia que nos parasse no tempo, naquele tempo em
que pusemos os pés em terra e o pensamento também e que nos
levasse a libertar a nossa memória da prisão em que se
encontrava e registássemos de novo aqueles momentos não com a
frieza com que fomos recebidos pela Nação, mas com um novo
registo em que o orgulho e alegria nos faria viver um dia
inolvidável.
E aqui estamos, costuma dizer-se: o homem
sonha a obra nasce.
Francamente é o que se passa nestes
momentos que estamos a viver, rodeados pelos nossos Amigos que
nos tem acompanhado nos anos mais chegados. Vamos então fazer
jus de ver cumprido este ansiado momento.
Pelo percurso
que nos levou a celebrar vinte seis encontros anuais em que nos
reunimos sempre sob o lema “pelos nossos Caídos…pelas nossas
Memórias” percorremos Portugal de lés a Lés, 11 vezes para
saudarmos aqueles que caíram no combate conforme sugestão de
alguém que teve a honra de o propor em Seia/Mangualde diante do
nosso inesquecível companheiro o Sargento Comando Artur Jorge
Pignatelli Fabião caído na mata do Jopá naquele dia 21 Nov de
1972.
A partir de Lamego em 1996 e com momentos mais
importantes segundo a minha ótica as reuniões em Seia 2000,
(decisão visitas aos Cemitérios)
em Pínzio 2007(Depoimentos
para o Livro do Cor Bernardo), em Lamego 2014, (40º Aniversário
do regresso) na Serra da Carregueira 2016, (condecoração Cruz de
Guerra Coletiva) e 2018 na Lourinhã (1ª edição da História da
Companhia), 2019Abrantes (2ª Edição) e 2022 Matozinhos (António
Mendes última homenagem)
Antes de prosseguir com o
cerimonial com que queremos marcar para sempre esta reunião
quero transmitir a todos os presentes a minha satisfação por ao
longo de quase 30 anos e cerca de 3 dezenas de convívios sempre
atingimos os objetivos a que todos nos propusemos, isto é,
honrarmos a memória dos Companheiros Comandos que ao nosso lado
deram a vida pela Pátria e que a nossa memoria coletiva fosse
preservada.
Leopardos desde cedo intui que se queria
liderar-vos teria em todas as circunstâncias fazer com que o
nosso inimigo respeitasse a nossa presença no terreno.
Recordo-vos que o Código Comando, que há pouco escutamos e por
mais de seiscentas vezes naqueles dois anos, nos determina …” O
Comando, em frente do inimigo revela-se constantemente pessoa de
caracter”.
Penso que conseguimos este desiderato
por tudo o que se passou no Combate. Agora podemos receber os
dois símbolos que atestam para a posteridade o valor e a
importância do contributo que cada um de nós deu para que a
38ªCC cumprisse as missões que lhe foram confiadas.
Orgulhemo-nos, pois, da distinção que vamos receber, uma é o
documento que põe em relevo o nosso valor como combatentes e o
outro o trofeu que atesta uma vez mais o compromisso que
assumiste no Quero bem audível em toda a parada de Brá, naquele
14 de agosto72 verdadeiro gesto afirmativo da nossa
inquebrantável vontade de vencer……
Em jun74 muito para
alem do que estava previsto a 38ªCC regressou à Metrópole
trazendo consigo a mística de que os Comandos só se Justificam
em Combate e sob esse desígnio aqui estamos para Honrar aqueles
que nos acompanharam nessa saga heroica e que todos possam dar
testemunho do que viveram na Guiné e o possam transmitir a
familiares e amigos que Portugal não esquece os seus Combatentes
pois sabemos que de Norte a Sul nos mais recônditos lugares ou
nos mais importantes aglomerados populacionais haverá sempre
alguém com aquele espirito Comando que se vem transmitindo desde
1962 até aos dias de Hoje quando o rufar dos tambores dos atuais
conflitos nos vai rodeando permitindo-nos pensar que mais uma
vez teremos de responder Quero e ouvir alguém dizer então vai e
cumpre o teu dever…
Mama Sumae.
Termino agradecendo
ao teame organizador todo o engenho, vontade e dedicação com que
aceitaram este desafio que durou mais de um ano e correspondeu
aquilo com que sonharam e fizeram reviver os tempos em que fomos
entusiásticos heróis de duas dezenas de anos de idade em que a
força que nos animava nos fazia mover montanhas. Peço uma
calorosa salva de palmas para o Vareta , o Ogando o Amilcar o
Carlos David …..Almeida veterano Silva.
Mama Sumae